Lightlark (Lightlark, #1)

— Existem milhares de Lunares na ilha. N?o vou condená-los todos à morte por causa das a??es de sua governante.

Os bra?os dela tremeram, mas ele estava de acordo em permitir que todo o reino Umbra morresse. Ela abria e fechava as m?os. Sua cabe?a latejava.

— E Azul? — Ele quase matou Celeste. — Ele obviamente tem algum tipo de plano para tomar o poder em Lightlark. N?o podemos confiar nele.

Oro balan?ou a cabe?a.

— Eu te disse. No segundo Centenário, o marido de Azul morreu. A cada Centenário desde ent?o, ele n?o tenta quebrar as maldi??es, formar alian?as nem tomar qualquer coisa. Azul só tenta falar com seu amado uma última vez.

— E o plano dele? — Isla quis saber. — Eu ouvi vocês dois.

Seu plano é uma loucura, dissera Oro. Você estará condenando milhares à morte.

Um reino tem que morrer, Oro, Azul respondeu.

— O plano dele? — Oro disse, dando um passo em dire??o a ela. — O plano dele era se sacrificar. Entregar-se como o governante que deve morrer para acabar com as maldi??es. Ele sabia que os dias da ilha estavam contados depois da minha demonstra??o. Estava disposto a sacrificar a si mesmo, seu povo, se isso significasse salvar a todos. Eles têm um regime democrático. Seu reino concordou. Eles votaram.

— Isso n?o é verdade. Ele tentou matar Celeste — ela rosnou.

— N?o sei por que ele faria isso. Tenho certeza de que existe um motivo.

Um motivo. O rei parecia ter infinitas desculpas e empatia, mas apenas quando lhe convinha.

Azul e Cleo tinham seus próprios planos, Isla sabia disso, mas ela percebeu ent?o que eles tinham que ter recebido ajuda. Cleo tinha matado Juniper depois de descobrir, de alguma forma, que Isla planejava encontrá-lo. Celeste fora encontrada longe da celebra??o do Carmel, nos jardins, como se tivesse sido atraída até lá…

Apenas uma outra pessoa sabia sobre a carta de Juniper para Isla e Celeste.

Uma pessoa soube do envenenamento de Celeste antes de qualquer outra.

Uma pessoa tinha acesso total ao castelo e podia se mover livremente, praticamente despercebida.

Ella.

Os olhos de Isla ardiam; sua garganta estava seca. Ela n?o tinha certeza de mais nada. Ela estava errada? Ou certa?

Havia trabalhado incansavelmente para encontrar o cora??o.

Mal sabia ela que, o tempo todo, só estava garantindo a morte de Grim. Se Isla se recusasse a matá-lo, Oro o faria. Ela sabia.

Você poderia escolher ele, sussurrou uma voz em sua cabe?a… escolher salvar seu reino. E ver se Oro talvez escolhesse a Lunar ou o Etéreo para morrer em vez da Estelar.

N?o. Isla sabia que Oro escolheria a Estelar nesse caso. Era o mais fraco dos reinos de Lightlark, com a menor popula??o, por causa de sua maldi??o. Celeste era a governante mais jovem, como Isla.

A escolha era clara. Ou Celeste, ou Grim.

Lágrimas escorreram pelo seu rosto. Lágrimas quentes de raiva.

— Ele n?o — ela disse. — Por favor.

Por que ela achou que ele escolheria Cleo? Só porque a governante Lunar havia tentado assassiná-la? Porque Oro tinha a salvado?

Ela era uma tola por pensar que ele se importava, por de alguma forma se permitir acreditar que Oro era tudo menos o rei de Lightlark. Um governante cruel que faria coisas perversas para servir o povo.

E Umbra era seu inimigo.

O rosto de Oro permaneceu inexpressivo. Ele era mais uma vez o rei na mesa de jantar zombando de seu cabelo molhado, colocando um cora??o em seu prato e exigindo que ela o comesse.

— Eu vi o dom dele, Isla. Ele pode viajar entre Lightlark e Umbra em um instante. Você sabe o quanto isso é perigoso? Quando as maldi??es forem quebradas e Umbra decidir atacar novamente enquanto ainda estamos vulneráveis, ainda nos recuperando, ele pode transportar todo o seu exército aqui em um piscar de olhos. Sem aviso.

— Mas você nem sabia sobre o dom dele até agora! O que significa que ele poderia ter feito exatamente isso na guerra. E n?o fez, n?o foi?

Oro balan?ou a cabe?a, furioso.

— Você n?o sabe o que ele fez — ele disse, mostrando os dentes. — E isso foi há muito tempo. Antes de ele se tornar o governante e herdar imenso poder.

As m?os de Isla tremiam ao lado do corpo. Ela encarou Oro, os olhos brilhando. Suplicando.

— Por favor. Reconsidere.

Oro balan?ou a cabe?a.

Ela mostrou os dentes.

— Você n?o pode tomar essa decis?o sozinho. Você mesmo disse. A escolha é importante. é mais difícil do que matar.

A express?o de Oro era triste, compassiva, até.

— N?o estou tomando a decis?o sozinho, Isla — ele disse.

Oro devia ter o apoio da Cleo e de Azul, ent?o. A maioria dos governantes.

Ele havia obtido a aprova??o de sua escolha pelas costas dela.

A lamina estava em sua m?o em um instante. Ela investiu contra ele antes que Oro pudesse se mexer, pressionando a adaga contra sua garganta.

Ele deixou. N?o a acertou com seu fogo, do jeito que ela sabia que podia fazer, mesmo enfraquecido, com meio pensamento.

Oro olhou para ela com seus olhos de favos de mel. Oco. Sem emo??o.

— Vá em frente — ele desafiou. Sua conex?o com todas as pessoas da ilha a impedia de matá-lo, mas ela poderia fazê-lo sangrar, fazê-lo sofrer.

A m?o de Isla tremeu, a adaga oscilando contra a garganta dele. Ela o encarou por um longo tempo.

Depois guardou sua adaga e saiu.





CAPíTULO CINQUENTA E TRêS


ESCOLHA





Isla tinha um plano. N?o era perfeito, e fazia dela uma mentirosa, uma ladra e uma hipócrita.

Mas n?o era nada que ela já n?o tivesse feito nos últimos noventa dias. Celeste abriu a porta e ela come?ou a falar.

— Diga-me que você é minha amiga e que vai me perdoar.

A Estelar endireitou a coluna. Sua express?o tornou-se resoluta, pronta para qualquer coisa.

— Eu sou sua amiga e vou te perdoar — Celeste disse, firme. Ainda assim, Isla sentiu uma pontada de medo de que tudo tivesse dado errado. E tinha.

Isla tinha tudo. O cora??o. A promessa de poder. A chance de salvar seu reino.

Mas tinha um custo: a vida de Grim.

Desde que Isla conseguia se lembrar, a coisa que ela mais queria era liberdade. Ent?o, à medida que o Centenário avan?ou, ela come?ou a desejar poder.

Quando Oro declarou que Umbra morreria, quando Terra e Celeste estavam em perigo, Isla percebeu que havia uma coisa que ela queria um pouco mais do que ambas as coisas.

Um futuro. Felicidade. Uma vida com as pessoas com quem ela se importava. Terra e Poppy eram o mais perto que Isla tinha de uma família. Celeste era sua melhor amiga. Grim a fizera sentir coisas que pensava terem sido negadas a ela como governante Selvagem. Ela sempre pensou que a liberdade, ou mesmo o poder, mudaria tudo, consertaria ela. Mas eles n?o iriam… Entendia isso agora que havia come?ado a se consertar.

Ent?o, ela bolou um plano. Um que ainda salvaria seu reino. Ainda salvaria Celeste. N?o daria a ela o poder prometido. N?o seria uma solu??o permanente para Terra e os Selvagens.

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