Lightlark (Lightlark, #1)

Ia vencer o Centenário.

Isla partiu em dire??o à árvore. O pássaro gritou alegremente. A gema era brilhante como o sol, pequena o suficiente para caber no centro de sua palma. Brilhava como ouro puro. A fonte de todo o poder de Lightlark. Seu cora??o.

Ela estendeu a m?o para a gema. Segurou-a. Sentiu a for?a disparar através da pele e dos ossos, o poder como um jato de água fria, uma onda gigantesca no topo de sua cabe?a, chamas lambendo cada centímetro do seu corpo.

E sentiu tudo isso sumir quando uma flecha atravessou seu peito.

Isla engasgou, caindo de joelhos. Seu queixo baixou, e seus olhos pousaram na longa ponta de uma flecha, atravessando seu cora??o.

Um tiro perfeito.

Um rugido irrompeu em algum lugar atrás dela. Ela pensou que poderia ser Oro, pouco antes de o fogo engolir a floresta, queimando pessoas… Havia pessoas.

Vinderens. Ali para se vingar. Arcos ainda a postos. Eles puxaram suas cordas para acertá-la novamente, ent?o morreram. Oro tinha matado todos eles num instante.

Um segundo parecia uma vida inteira. Sua cabe?a pendia no ombro, a enorme coroa do rei caindo. Oro estava lá, tentando alcan?á-la, a poucos metros de distancia… mas n?o podia dar um passo para fora da caverna para curá-la. N?o durante o dia. Seu rosto estava estranho, marcado e delineado de um milh?o de maneiras distintas. Num impulso desesperado, ele estendeu a m?o, apenas para rugir mais uma vez com a dor, o sol partindo sua pele. Sangue se acumulava embaixo de Isla em uma po?a carmesim. O calor era quase um conforto no frio.

Ela já havia sobrevivido por tempo demais, segundos roubados, sem dúvida pelo poder do cora??o.

Com uma das m?os, Isla agarrou o cora??o de Lightlark, o seu próprio dando as últimas batidas. Com a outra, ela estendeu a m?o e puxou o colar.

Grim apareceu do nada antes que seus dedos pudessem soltar o cora??o. Os olhos dele se arregalaram ao vê-la coberta de sangue. Isla estava em seus bra?os em um segundo.

— Por favor — Oro disse da caverna, e Isla mal reconheceu sua voz. Por que ele estava implorando? Queria que ela largasse o cora??o? Sua m?o relaxou, e a gema caiu no ch?o.

A última coisa que ela viu foi o rosto de Oro, atravessado por inúmeras emo??es, cada uma mais surpreendente que a anterior.

Ent?o ela se foi.

O cora??o a mantinha viva. Teve certeza disso quando o deixou cair e o mundo escureceu.

E ent?o estava caindo em uma po?a de estrelas infinita.

Os reinos eram apenas raios de uma roda, girando, girando, girando. Ela estava em algum lugar entre eles, se afogando, arfando, desaparecendo.

M?e. Será que ela finalmente iria conhecê-la? Pai. O homem que tinha causado a sua morte, causado o nascimento de uma uma crian?a amaldi?oada?

A morte n?o era silenciosa nem rápida.





CAPíTULO CINQUENTA E DOIS


PROFECIA





— Devoradora— Devoradora de Cora??es.

As palavras eram um sino em algum lugar distante. Um estrondo de trov?o. O rápido fechamento de uma porta.

— Volte para mim.

Volte. Ela o tinha deixado?

Um suspiro trêmulo. Palavras carregadas de dor. Agonia. Reduzidas a um sussurro.

— O que você fez comigo? — ele disse, a voz suplicante. Ela sentiu um dedo correr por um lado de seu rosto. — O que você fez para me deixar completamente à sua mercê?

Isla abriu os olhos.

Estava no quarto. Grim segurava as últimas garrafas do elixir de cura Selvagem em um bra?o.

Isla estava nos bra?os de Grim antes que pudesse respirar novamente. Ele puxou-a para o peito, embalando sua cabe?a, a m?o atrás dos joelhos. Seus olhos procuraram os dela em desespero.

Ela pressionou a testa na boca dele. Ele era frio como pedra, e atenuou a dor. Ela estava muito quente… coberta de chamas, de energia, de faíscas.

A flecha.

Sua m?o foi para o próprio peito. Nada. A ponta afiada havia desaparecido. Isla olhou para baixo e viu sua camisa rasgada. Rasgada para cuidarem do ferimento. Ela puxou a roupa de baixo e viu. Uma marca raivosa, bem sobre o cora??o dela. Onde a flecha havia perfurado.

Ela deveria estar morta.

— Como… como…

— Eu n?o sei. — Ele a abra?ou novamente, cuidadoso como se estivesse segurando um copo de vidro.

Mas ela sabia. O cora??o a salvara… Sua energia tinha sido suficiente para mantê-la viva pelos momentos necessários para curá-la.

Ela se lembrou das palavras de Oro. Apenas um Selvagem, Umbra ou Solar poderia reivindicar o cora??o. Usá-lo.

Isla n?o tinha poderes… Será que ele teria a reconhecido mesmo assim?

Ela havia conseguido usá-lo?

Engoliu em seco. Se tivesse usado o cora??o, ent?o parte da interpreta??o de Oro da profecia havia sido completada.

Quando o crime original for cometido novamente.

Isla escapou do abra?o de Grim e estremeceu com a dor que pulsava em seu peito. O sol ainda brilhava, mas estava se pondo. Ela havia passado o dia todo se recuperando… tempo demais tinha sido perdido.

— Obrigada — ela disse a Grim, a m?o indo para a corrente invisível em volta de seu pesco?o. Para o diamante, do tamanho de uma batatinha. Ela o abra?ou, as m?os entrela?adas atrás do pesco?o dele.

— Tem outra coisa — disse Grim. Ele estava t?o sério que Isla estremeceu. O que tinha acontecido enquanto ela estava se curando? — Existe uma loja Lunar na pra?a, um lugar secreto, há muito tempo abandonado. Eu fui até lá para tentar achar mais remédios enquanto você dormia. E encontrei uma coisa, de centenas de anos atrás. Um elixir Selvagem raro que faz o que a cura Lunar n?o consegue.

Isla inspirou muito fundo. Ela piscou para ele, uma pergunta em seus olhos.

Ele assentiu solenemente. Grim olhou para o ch?o, evitando o olhar dela.

— Celeste acordou.

— Eu preciso ir — ela disse rapidamente, ao mesmo tempo contente e em panico. E se Azul viesse terminar o servi?o, agora que a Celeste n?o estava mais escondida? Se Grim tivesse encontrado o governante Etéreo, ele já a teria avisado.

Grim olhou para a marca em seu peito, ent?o para ela.

— Você precisa descansar — disse.

Isla balan?ou a cabe?a. N?o.

Ela se virou para sair, mas parou quando ouviu:

— Devoradora de Cora??es. — A voz dele embargou ao dizer as palavras. Ela o encarou. — Pensei que você tinha morrido.

Eu também, ela pensou, mas n?o foi o que disse. Em vez disso, falou: — Estou viva. Por sua causa. — Ela o abra?ou. Inclinou a cabe?a para que o nariz dele encostasse em seu pesco?o. Isla levou a boca até o ouvido dele. — E eu quero fazer mil coisas com você — disse, estremecendo enquanto o peito queimava, a ferida ainda sensível. — Mas primeiro… tem algo que preciso resolver.

Grim assentiu.

Ela passou por ele, saindo do quarto. Isla correu para os aposentos da amiga o mais rápido que p?de.

Antes que ela pudesse bater, a porta se abriu. Celeste estava lá, seus olhos arregalados.

Ela jogou os bra?os em volta da amiga, embora ainda doesse se mexer. A dor percorreu todos os seus ossos, seus órg?os se contraíram, e ela engasgou com as palavras.

— Eu pensei que você… Celeste, você…

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