O governante dos Sombrios e a governante dos Selvagens, ambos respirando um pouco rápido demais. Ela passou por cima de sua coroa, se jogando nele, e Grim a envolveu nos bra?os. Desta vez, o beijo foi desesperado, como se o sol estivesse se pondo e eles tivessem apenas alguns minutos restantes, como se a sala de vidro estivesse prestes a explodir. Ele a segurou com for?a, como se sentisse medo de que ela fosse flutuar para longe, um pássaro fora da gaiola.
Isla travou as pernas em torno dele, e podia senti-lo. Cada centímetro dele contra ela, mesmo por baixo das roupas. Eu n?o te disse o que você faz comigo. As palavras ecoaram em sua mente enquanto ela descobria o significado. Eu ardo por você o tempo todo. Grim estava ardendo por Isla agora mesmo. Ela se moveu contra o corpo dele lentamente, e um rosnado baixo escapou dos lábios de Grim. Com uma explos?o de desejo incontrolável, ele a agarrou pelas coxas, os dedos marcando sua pele, e se enterrou nela ainda mais. Os olhos de Isla se fecharam com a fric??o, a cabe?a pendendo para trás. Ele a encostou no vidro enquanto suas m?os iam para a frente do vestido dela, rápidas contra os la?os e al?as. Antes que Isla percebesse, o tecido havia sumido e a boca de Grim estava em seu seio.
O mundo poderia desmoronar a ela n?o notaria. Todo o seu foco estava no caminho da língua e dos dentes de Grim. Ela estava ardendo por ele, por seu gosto, seu toque, o jeito como ele fazia sua pele parecer uma trilha atingida por um raio.
— Mais — Isla disse, ou gemeu, n?o sabia. Tudo o que ela sabia no momento era que queria tudo o que Grim tinha para oferecer. — Por favor.
Ele a segurou com for?a, e ela agarrou seus bra?os, mordeu seus ombros para evitar arfar novamente enquanto Grim a levantava e sua m?o enfim alcan?ava exatamente o lugar que ela desejava. Por cima do tecido. Depois, por baixo dele. Isla gemeu com a primeira press?o de seus dedos calejados em seu amago e com os toques lentos e constantes que se seguiram.
Mais. Ele deu a ela, e Isla gemeu na boca dele quando seus dedos a exploravam mais fundo. Mais fundo. O desejo dominou tudo, e Grim grunhiu quando ela come?ou a se mover contra sua m?o.
— Isso. — Sua voz era quase um rosnado, persuasiva e tensa, como se ele estivesse gostando tanto quanto ela.
Antes que ela pudesse se perguntar o que poderia fazer a seguir, Grim segurou sua nuca para que Isla olhasse de novo para ele e ordenou:
— Olhe para mim, cora??o. Eu quero ver quando você perder o controle.
Isla cravou as unhas na nuca dele. Suas testas pressionadas uma contra a outra. Isla nunca tinha se sentido mais viva, mais despida, do que naquele momento, com ele assistindo enquanto sensa??es incessantes a dominavam. Grim a encarou bem nos olhos enquanto cada sensa??o se intensificava, a penetrava, mais do que ela jamais imaginou ser possível.
E algo sobre tudo aquilo era t?o familiar, como adormecer ou cantarolar para a chuva, ou respirar. Como se ela já tivesse vivido aquilo mil vezes em seus sonhos.
CAPíTULO CINQUENTA
DESPERTA
Isla n?o dormia. Ela passava os dias e noites na biblioteca, e as horas lhe escaparam t?o facilmente quanto a chuva correndo pelas centenas de janelas do Palácio de Espelhos durante a tempestade que havia trancado ela e Grim naquela caixa de vidro por horas.
Enquanto folheava as páginas, ela sentiu a lembran?a das m?os dele contra sua pele, seus lábios no ombro dele. Eles n?o tinham feito tudo o que ela gostaria na hora, e em parte Isla estava aliviada por, em vez de fazer qualquer movimento para tirar a roupa, Grim tê-la puxado para o seu colo no ch?o. Por terem observado a chuva, a cabe?a dela no peito dele. O queixo dele descansando onde a coroa de Isla deveria estar. Antes de irem embora, ela fez Grim prometer que encontraria Azul, onde quer que ele estivesse escondido, e o traria para ela.
Oro a observava como se soubesse os lugares que Grim havia tocado. Isla sabia que ele devia ter notado seus olhos distantes, mas n?o disse uma palavra. Parte dela n?o queria que ele soubesse nem suspeitasse.
Isla cravou as unhas na palma da m?o, for?ando-se a se concentrar. Quebrar as maldi??es e vencer eram o mais importante agora. Ela era a única esperan?a de Terra, Celeste e de si mesma.
Além disso, o cora??o era a chave para liberar a vida que ela sempre quis. N?o apenas poder, mas também, talvez, um futuro com o qual sonhar… com Grim.
— Alguma coisa?
A voz de Oro foi um balde de água fria nos pensamentos fervorosos na cabe?a dela. Isla piscou e percebeu a express?o dele, sabendo que n?o estava nada concentrada no texto.
Ela fechou o livro e limpou a garganta. Tinha relido o mesmo parágrafo dez vezes, e nenhuma das frases tinha nada a ver com o cora??o, ou maldi??es.
— N?o — ela disse, recostando-se na cadeira. — E você?
Ele balan?ou a cabe?a e olhou para a pilha de livros antigos em sua frente como se estivesse a apenas alguns segundos de incinerar toda a pilha com um gesto.
Isla esfregou as m?os no rosto, nos olhos, nas têmporas. Suspirou.
— Isso n?o está funcionando.
Oro apenas a observou.
Ela estava exausta. Seu pesco?o e costas doíam de tanto ficar curvada, lendo. Sua cabe?a estava cansada por todo o trabalho que vinha fazendo, pensando, planejando e sonhando acordada.
— Vamos recapitular — disse ela, apoiando a cabe?a nos bra?os. A mesa de madeira estava fria contra sua pele e cheirava a pinho. — Conte-me tudo o que sabemos.
Oro n?o hesitou, como inquestionavelmente teria feito meses antes. Em vez disso, recostou-se na cadeira e tamborilou na mesa, perto da cabe?a de Isla.
— Sabemos que o cora??o está na Ilha da Lua. Sabemos que contém poder imensurável dos Selvagens, Solares e Umbras. Que foi usado para lan?ar as maldi??es. Que desabrocha regularmente quando é necessário, em lugares diferentes. Onde a escurid?o encontra a luz.
Onde a escurid?o encontra a luz.
Atrás de suas pálpebras, havia apenas escurid?o. Isla imaginou a escurid?o encontrando a luz. Como aquilo seria. Que cores criaria. Ela franziu a testa apoiada no bra?o. N?o precisava imaginar. Tinha visto inúmeras vezes, milhares de vezes ao longo de sua vida.
A cabe?a de Isla levantou t?o depressa que sua testa latejou de dor. Os olhos de Oro se arregalaram ligeiramente.
— O que foi?
Ela ficou de pé, andando de um lado para o outro, sua mente trabalhando com muita pressa, as palavras saindo devagar demais.
— E se n?o for sobre um lugar, mas um horário?
— O quê?
Ela o encarou.
— O alvorecer. O crepúsculo… quando a escurid?o e a luz se encontram.
Oro ponderou, estreitando os olhos.
— Remlar disse que seria onde a escurid?o encontra a luz. — Esse devia ser o nome do homem alado, pensou Isla.
— E se forem as duas coisas? Em um lugar onde a escurid?o encontra a luz, mas só durante o amanhecer ou o anoitecer?
Oro piscou para afastar o cansa?o. Pensando. Ele estava t?o concentrado que Isla quase podia ver sua mente trabalhando por trás dos olhos, repassando possibilidades. Ele olhou para a mesa, a m?o aberta em cima dela.
Ele balan?ou a cabe?a.
— Eu procurei na ilha por décadas e nunca encontrei… Talvez seja por isso.