Lightlark (Lightlark, #1)

— Estou supondo que ele nunca o fez — completou ele.

Isla apenas olhou para ele. Esperando.

— Meu ancestral, Horus Rey, e o de Grim, Cronan Malvere, criaram a ilha.

Ela assentiu. Já sabia disso.

— E um ancestral seu também.

Ela piscou. N?o. Isso n?o podia ser verdade. Isla colocou a m?o na mesa só para sentir firmeza. Selvagens nem eram mais aceitos na ilha… eles n?o ajudaram a criá-la.

— Isso n?o faz nenhum sentido.

— Lark Crown. Ela criou a terra em que pisamos. A ilha foi batizada com o nome dela.

Lark Crown. Isla n?o conhecia esse nome.

— Você está mentindo. Se isso fosse verdade, todos saberiam. N?o seria um segredo.

Os olhos de Oro ficaram sombrios.

— Eu nunca menti para você — disse ele. — E n?o era segredo, n?o por muito tempo. Até que, como grande parte do nosso conhecimento, se perdeu no tempo. Milhares de anos se passaram, Solares governaram por tanto tempo que quem criou a ilha foi esquecido, mas n?o por todos.

Oro estava falando sério. E Isla sabia que ele n?o tinha nada a ganhar com uma mentira assim.

Se isso era verdade, por que Grim n?o contou a ela quando eles conversaram sobre a cria??o da ilha? Ela se lembra da resposta de Oro depois que ela disse que Grim era o governante mais acessível.

N?o t?o acessível quanto você pensa.

Ela apertou os lábios. N?o, n?o era mentira. Agora ela entendia por que Oro queria fazer um acordo com ela. Por que ele ainda a tinha traído de verdade.

— é por isso que você precisava de mim — disse ela, com a voz muito tensa. — Para encontrar o cora??o.

A express?o de Oro n?o mudou quando ele assentiu.

— Só pode ser encontrado e libertado por um de nós três. Solar, Selvagem ou Umbra. Eu presumi… com nós dois juntos…

Somente unidos as maldi??es podem ser desfeitas.

Ele estava simplesmente seguindo a profecia. Uma parte dela murchou por dentro.

Todas as palavras de Oro tinham pontas e cortavam sua mente. Oro havia confirmado, semanas antes, que acreditava que o crime original tinha sido alguém usando o cora??o de Lightlark para lan?ar as maldi??es. Agora, ele alegava que apenas um Solar, Selvagem ou Umbra poderia acessar os poderes do cora??o.

O que significava que um de seus reinos as havia lan?ado.

N?o Cleo. Isso n?o fazia sentido…

A ancestral de Isla teria usado o cora??o para lan?ar as maldi??es? Ou o irm?o de Oro, o rei Egan?

Ou o falecido pai de Grim?

N?o. Tinha que ser Cleo.

Isla encarou atentamente o livro, embora pudesse sentir os olhos de Oro nela, estudando sua rea??o a esta nova informa??o.

— O que o livro diz? — ela perguntou entre os dentes, desejando que sua cabe?a parasse por um momento. Desejando n?o revelar nada.

Finalmente, os olhos de Oro deixaram seu rosto. E ele come?ou a ler.

Duas badaladas depois, Isla e Oro estavam sentados na biblioteca, curvados, incontáveis livros e um silêncio frustrado entre eles.

Os detalhes do livro eram escassos. Falavam de um cora??o com a habilidade pura e n?o filtrada de Solares, Selvagens e Umbras. Energia maior do que a deles, o tipo de poder que só existira havia milhares de anos.

O cora??o fica escondido até desabrochar e se tornar parte de Lightlark quando se faz mais necessário. Essa foi a tradu??o que Oro lhe ofereceu.

Quando Isla se levantou novamente, suas pernas estavam com c?ibras, e ela ficou surpresa ao ver a luz brilhando na barra das cortinas de Oro. Eles tinham passado horas lendo e n?o estavam nem um pouco mais perto do cora??o.

Mas Isla n?o perdeu a esperan?a.

Na verdade, ela estava mais esperan?osa do que nunca.

— Esta é a chave para encontrá-lo — ela disse, apontando para os livros. — Eu sei que é.

Oro assentiu, mas seus olhos estavam mais cansados do que ela já vira antes. Olheiras roxas e cantos enrugados. Quando Isla sugeriu que descansassem um pouco antes de se encontrarem, ele recusou apenas uma vez. Ent?o, felizmente, ele cedeu.

Isla caminhou pelos corredores t?o silenciosa quanto um espectro, o castelo se abrindo e os dedos avermelhados do amanhecer espreitando pelas longas janelas descobertas. Ela estava longe dos aposentos de Oro. Longe do seu quarto.

Celeste surgiu assim que Isla entrou no c?modo onde Grim a havia escondido. Ela estava exatamente como em todas as outras noites em que Isla a tinha visitado. Ainda como uma estátua. Flutuando tranquilamente.

Lágrimas arderam nos cantos dos olhos de Isla. Desde o início, Celeste esteve determinada a encontrar o desvinculador, um plano para quebrar as maldi??es sem matar outro governante. Sem precisar de mais ninguém além delas mesmas.

Por tantas semanas, Isla o procurou.

Embora Celeste n?o pudesse ouvi-la, a voz de Isla tremeu quando ela finalmente disse: — Você estava certa, Cel. Sobre a biblioteca secreta.

Ela segurou as m?os da amiga, sabendo o qu?o animada ela ficaria se estivesse acordada. E foi quando que Isla notou que uma delas estava fechada em um punho. Como se Celeste estivesse lutando, logo antes do veneno tê-la parado.

N?o lutando, pensou Isla, enquanto cuidadosamente abria os dedos da amiga.

Enviando uma mensagem. Para Isla.

Havia algo no punho de Celeste, algo que ela havia conseguido segurar, para contar a Isla quem tinha feito isso com ela. Uma pista. Isla finalmente abriu a m?o pálida da Estelar.

E o anel de diamante que ela dera a Azul caiu no ch?o.





CAPíTULO QUARENTA E NOVE


DIAMANTE





Azul havia envenenado Celeste. Ele n?o era o alegre e atormentado governante que encantara Isla com sua música. Era um líder calculista com um plano em a??o.

Isla se lembrou da conversa que ouvira, muitas semanas atrás. Oro estava brigando com Azul sobre uma estratégia para acabar com um dos reinos. O rei garantiu a Isla que ela estava segura. Ela havia presumido na época que Azul tinha a inten??o de destruir o reino Lunar.

Agora ela percebia que ele devia estar falando sobre o reino Estelar. Celeste. Pior, Isla nem mesmo contara à amiga sobre a conversa que tinha ouvido. Depois que sua melhor amiga passou a ser a dupla do Etéreo, Isla deveria pelo menos tê-la advertido, mas estava muito concentrada na trai??o de Oro. Em si mesma, sempre em si mesma.

Como ela n?o havia considerado a possibilidade de que Azul pudesse estar visando a Estelar?

Mas por quê?

Qual era o plano dele?

Tantas perguntas, tantas pe?as que n?o faziam sentido. Toda vez que pensava que tinha certeza de algo, a verdade mudava e se dispersava, mas n?o por muito tempo.

Isla lembrou-se do que o oráculo havia dito.

Você… tem muitas perguntas. Há tantas coisas que eu poderia dizer… embora n?o devesse.

Tudo será revelado em breve.

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