— Existem mais deles — disse Oro rapidamente. — E vir?o investigar. Vamos rápido.
Isla aceitou sua m?o, ainda ofegante. Ele a aqueceu através do toque, e eles correram, Oro puxando-a t?o rapidamente que Isla estava quase voando, parando apenas no momento em que ela apareceu.
Uma árvore de penas brancas, florescendo no gelo.
é claro. O hospedeiro perfeito para o cora??o. Uma árvore isolada, congelada no tempo. Poderia estar escondido em suas plumas ou entre suas raízes.
Isla deu um passo à frente. Uma vez. Duas vezes. Ent?o correu.
Finalmente. Depois de tudo…
Lá estava ele. A salva??o de todos eles. Sua chance de ser a governante e amiga que as pessoas que ela amava mereciam.
Ela ouviu Oro logo atrás dela. Seu calor aumentou, aliviado por tudo estar acabado. Os meses de busca.
Os séculos de sofrimento.
Isla alcan?ou a árvore e come?ou a procurar em seus galhos. As penas eram macias como neve. Elas dan?aram silenciosamente ao vento, sussurrando juntas, pedacinhos minúsculos caindo.
Quando n?o encontrou nada em sua copa, Isla olhou para as raízes. O gelo permitia que ela visse cada centímetro delas, espessas e torcidas como tran?as.
— Isla.
Ela analisou a árvore novamente. E de novo.
— Tem que estar aqui — ela disse, passando as m?os furiosamente pelas penas. Desesperada.
Ela caiu de joelhos violentamente para olhar mais de perto a parte de baixo, afastando as pontadas de dor que quase cegavam sua vis?o. Ela enfiou as m?os no gelo e procurou mais, analisou cada nó.
Mas n?o havia nada entrela?ado em suas raízes.
— N?o está aqui — disse Oro. Sua voz era t?o vazia quanto seus olhos estavam naquele jantar na primeira noite.
Eles estavam errados.
Ou estavam certos, e Cleo tinha chegado primeiro. Talvez Cleo tivesse enviado seu pássaro para zombar deles quando pisaram pela primeira vez na ilha.
Isla ficou imóvel. Se Cleo estava com o cora??o…
Ela ouviu os alertas e dúvidas de Celeste, aqueles que ela havia ignorado, ecoando em sua mente enquanto apoiava a cabe?a no gelo e chorava.
CAPíTULO QUARENTA E OITO
ESCONDIDA
Faltavam vinte dias para o fim do Centenário. E Isla achava que a ilha n?o aguentaria mais dez.
Terra n?o aguentaria mais cinco.
Depois de toda a busca de Oro e Isla pelo cora??o, eles tinham falhado.
Isla havia cometido incontáveis erros nos últimos oitenta dias. Tinha confiado nas pessoas erradas. Feito os planos errados. Seguido as pistas erradas. Perseguido o poder cegamente quando deveria ter feito tudo para proteger as pessoas que a amavam.
Mas ela se recusava a desistir. N?o dessa vez. N?o quando Celeste exigiria que ela n?o desistisse.
Isla bateu à porta de Oro três dias depois da viagem à Ilha da Lua, com os nós dos dedos ainda em carne viva por causa do frio da vastid?o de Vinderen, mesmo depois de ter passado o elixir Selvagem várias vezes na pele machucada.
Na árvore emplumada, Isla viu a luz desaparecer de seus olhos. Tinha visto ele se fechar novamente, pronto para se tornar o mesmo rei que ela havia conhecido naquela primeira noite. Mais fechado e alerta do que sua própria ilha amaldi?oada. Quando o cora??o n?o estava onde deveria, parte dele desapareceu, da mesma forma que Lightlark faria se eles falhassem. Desta vez, talvez para sempre.
No momento em que seu punho estava indo em dire??o à porta, Oro a abriu. Ele pegou o bra?o de Isla antes que pudesse bater em seu peito. Ele segurou seu punho e olhou para ela, confuso.
Isla passou por ele, adentrando seu quarto, e ele permitiu.
— Ainda n?o acabou — disse ela, as narinas dilatadas e a voz falhando como se ainda estivesse tentando convencer a si mesma.
Oro a encarou. Ele n?o disse nada.
Ela deu um passo na dire??o dele.
— Eu me recuso — ela disse, balan?ando a cabe?a. — Me recuso a acreditar que é assim que tudo termina. — Ela fincou um dedo em seu peito. — Você é o rei de Lightlark, a pessoa mais poderosa de todos os reinos. — Ele ergueu uma sobrancelha, parecendo surpreso por ela falar sobre ele sem incluir as palavras miserável e insuportável. — Tem que haver outra maneira. Outro final.
Oro olhou para o dedo de Isla, ainda pousado contra o peito dele, antes de olhar para ela.
— O que você sugere? — ele perguntou.
Uma pergunta t?o simples… mas uma que ele nunca havia feito.
Mesmo em sua busca pelo desvinculador, ela estava seguindo o plano de Celeste.
Pela primeira vez, Isla tra?ou seu próprio plano.
— Vamos come?ar do come?o — disse ela com firmeza, virando-se, observando o quarto dele. — Da verdade mais elementar, a raiz de tudo isso. — Ela mordeu o lábio, pensativa. Pensando na primeira coisa que ele disse a ela, a base para toda a sua busca. Uma pergunta que ela havia feito antes, que ele n?o tinha respondido. Isla se virou para ele. — Como você descobriu sobre o cora??o?
Ele franziu a testa.
— Eu li a respeito.
— Onde?
— Em um livro.
— Que livro?
— Um antigo. Que encontrei em uma biblioteca secreta.
O mundo ficou em silêncio. Todos os sentidos de Isla pareceram desaparecer.
Biblioteca secreta. Assim como Celeste dissera.
Por que ela n?o ouviu a amiga?
Ela fez o possível para disfar?ar sua surpresa, os joelhos tremendo pelo alívio e pela culpa esmagadora ao dizer, muito baixinho: — Que biblioteca?
Oro n?o hesitou enquanto atravessava a sala e abria a porta de sua sacada. Ele puxou a porta até o final, fazendo-a tocar a maior parede do quarto. Ent?o, ele girou a ma?aneta novamente. Desta vez, empurrando a porta para a frente, contra a pedra sólida.
Ela se abriu.
Isla o seguiu até uma sala alta como uma torre, grande como os aposentos do rei. Cheio de livros e objetos encantados em cada canto.
Uma biblioteca.
Isla mal respirava, mal se movia, torcendo para que seu cora??o trai?oeiro, batendo alto em seu peito, n?o a entregasse. Tudo o que ela viu eram livros. O desvinculador devia estar bem escondido. N?o que isso importasse agora.
Celeste estava à beira da morte. Isla n?o poderia usá-lo com ela naquele estado. E, mesmo que pudesse, o desvinculador n?o salvaria Terra. Só um poder inimaginável o faria. Apenas o poder prometido à pessoa que quebrasse todas as maldi??es seria capaz disso.
Oro caminhou até uma das prateleiras com seguran?a, como se tivesse feito isso inúmeras vezes antes. Ele pegou um livro e o abriu.
Palavras tinham sido registradas na página com tinta em uma língua antiga que Isla n?o entendia.
— Consegue ler isso? — ela perguntou.
Oro assentiu.
— Leia tudo — disse ela. — Tudo sobre o cora??o. Por favor.
Ele concordou, mas, em vez de olhar para a página, Oro a encarou.
— Antes disso, há algo que você deve saber, Selvagem. — Ele estava sério, sem divers?o ou maldade em sua express?o.
Seu est?mago afundou por instinto. Pronto para se decepcionar.
— Eu teria te contado no início, mas depois do que Grim te disse… Eu estava esperando que ele mesmo revelasse essa informa??o.
Ela engoliu em seco. Revelar o quê? O que poderia ser t?o importante?