Lightlark (Lightlark, #1)

Um que ela realmente gostava de manter.

— Aí está você. — Celeste parou casualmente para o lado dela, fingindo observar a mesa de sobremesas nas proximidades. — Meia hora até a meia-noite. O que vai ser? Lutar ou se esconder?

As regras exigiam que participassem de todos os eventos de Lightlark, mas em nenhum lugar estava especificado que tinham que ficar o tempo todo. Ela e Celeste poderiam sair, se esconder em algum lugar seguro. Sua amiga sugeriu usar o portal até a Ilha da Estrela e ficar lá por algum tempo.

Mas sua alian?a seria comprometida. E, embora o plano tivesse falhado, os segredos ainda eram sagrados durante o Centenário. Deixar que descobrissem sobre a amizade delas poderia colocá-las em perigo.

— Lutar — disse Isla, surpresa com a convic??o em sua voz.

No início do Centenário, ela teria dito “esconder” sem qualquer hesita??o, mas, embora n?o tivesse poderes, Isla se recusava a ser covarde. Ela enfrentaria a raiva de Cleo de frente. Era assim que iria sobreviver. N?o se escondendo.

— Tem…

Antes que Celeste dissesse outra palavra, o ch?o balan?ou. E Isla subitamente voou pelo ar.

Caiu de lado, a testa batendo no mármore.

Estalos estridentes das correntes de metal do lustre com fogo cortaram o ar quando caíram, levando a maior parte do teto com eles. O ch?o se dividiu em rachaduras, relampagos brilharam contra a pedra. Rachaduras na rocha e fogo sibilante preencheram o mundo. Tudo que era sólido parecia delicado, desmanchando-se como um bolo, quebrando t?o facilmente quanto vidro.

Enquanto o castelo desmoronava, nada nem ninguém estavam seguros.

Isla só teve tempo de colocar um bra?o na frente dos olhos enquanto um anel de fogo caía bem em seu rosto, mas, antes que ele quebrasse seu cranio, Celeste apareceu. A Estelar ergueu os bra?os e o parou no ar.

Gritos ecoaram nas paredes de pedra, o cheiro metálico de poder e sangue enchendo a sala. Houve um rugido, um tinido, enquanto o mundo cambaleava, depois se aquietava, apenas para cair novamente.

A mulher à sua esquerda, uma Etérea de vestido azul-centáurea, foi engolida pelo ch?o. Um homem Lunar ficou parado em estado de choque. Ele deu um passo, mas era tarde demais. Um peda?o do teto o esmagou, sem nada feito de água ao redor para protegê-lo.

Isla se virou para onde Celeste estivera, mas a garota n?o estava mais ali. Ela sentiu um aperto no cora??o. Ficou de pé. Nuvens de poeira surgiram, e ela tentou ver através delas, procurando desesperadamente o vislumbre do vestido prateado e temendo o pior.

Mas Celeste estava por perto, levantando destro?os de cima de um grupo de Estelares.

Isla recuou para a parede, a boca se abrindo e fechando, pulm?es congelados, as m?os estendidas, mas sem fazer nada.

Ainda n?o era meia-noite. O que era isso?

Azul estava do outro lado da sala, os bra?os trabalhando em golpes frenéticos, criando um escudo de ar sob o qual dezenas de convidados se escondiam. Cleo estava curando um grupo de nobres lunares que tinham sido gravemente queimados pelas chamas.

Oro.

Ela o encontrou de joelhos no fundo do sal?o. Seu rosto estava torcido de dor, e os dedos haviam atravessado o piso de mármore.

Foi quando ela percebeu o que estava acontecendo.

Lightlark estava caindo, exatamente como o rei havia descrito. Pessoas morrendo, estruturas em colapso. Por centenas de anos, os governantes falharam em quebrar as maldi??es. Aquilo estava finalmente cobrando seu pre?o.

Mas por que agora? Por que no baile?

Ela estendeu a m?o para um grupo que estava agarrado ao que restava do ch?o, uma ponte sangrenta serpenteando pela sala. Ela conseguiu puxar de volta uma das pessoas. A outra caiu pelas rachaduras.

Suas laminas n?o podiam fazer nada. Sua capa podia protegê-la de alguns detritos, mas era inútil contra as grossas lajes de mármore chovendo ao redor deles.

Se ela tivesse poderes, poderia salvá-los. Poderia controlar as vinhas decorando a sala, usá-las para trazer as pessoas de volta à seguran?a.

Ela n?o tinha habilidades, mas Oro, sim. Ele precisava se levantar, podia impedir tudo isso.

Isla gritou seu nome, mas ele permaneceu curvado, a testa agora quase encostada no ch?o. O rugido abafou sua voz. Móveis caíram do teto. Ele estava do outro lado do sal?o de baile. Parte do espa?o entre eles já tinha caído, o resto se desfazendo sem aviso.

Isla xingou enquanto tirava os sapatos e corria em dire??o ao rei. Ela saltou sobre o maior buraco, peda?os pontiagudos de escombros se encaixando em seus calcanhares ao aterrissar. A dor era um sussurro em compara??o com os espinhos que havia arrancado de suas costas. Se tinha sobrevivido a isso, poderia sobreviver a qualquer coisa. Ela se esquivou de uma cadeira que quase a esmagou, empurrando também um jovem Lunar para longe de seu caminho e ganhando um olhar de repulsa por ter ousado tocá-lo.

Da próxima vez vou deixar que te esmague, ela pensou enquanto se agachava debaixo de um peda?o do teto até finalmente alcan?ar o rei.

— Oro.

Ela se ajoelhou diante dele, da mesma forma que ele havia feito no ch?o da floresta, cheio de farpas e espinhos.

Ele n?o notou sua presen?a.

Nada de novo, mas isso n?o tinha a ver apenas com ela.

Ela o agarrou pelos ombros e disse:

— Levante-se! As pessoas est?o morrendo. Elas precisam de você!

Oro levantou a cabe?a o suficiente para encontrar seu olhar. Seus olhos estavam vazios, como se cada grama de energia tivesse sido drenado. Outro tremor sacudiu no ch?o, e ele rosnou, seus dedos afundando mais no mármore. A dor deve ter sido insuportável para deixar o rei de joelhos.

— Por favor — ela implorou.

A poucos metros de distancia, rochas rolaram em uma pilha que esmagou metade do grupo que Azul estava tentando proteger. Ele correu para arremessar os escombros com seu vento, mas sangue cobriu a pedra. Era tarde demais.

Oro n?o moveu um centímetro, mas Isla o ouviu dizer “Vá embora” por entre os dentes.

N?o. Quando Isla se machucou e exigiu que Oro fosse embora, ele ficou. Ela n?o iria. N?o até que ele fizesse tudo isso acabar.

Isla segurou sua camisa e o empurrou contra a parede com todas as suas for?as, tirando os dedos do ch?o. Ent?o come?ou a gritar bem na cara dele.

— Você pode estar morrendo, mas ainda n?o está morto, seu desgra?ado miserável. Agora levante-se e fa?a alguma coisa antes de deixar que o sacrifício do seu irm?o, e tudo o que todos nós perdemos, seja por nada!

Oro n?o encontrou seu olhar ou se levantou.

Mas, com um gemido que sacudiu seus ombros, ele se inclinou para a frente, passando por ela, e suas m?os perfuraram totalmente o mármore. Energia emergiu de seu toque, enchendo a sala.

For?ando-a a parar.

Ent?o ele caiu no ch?o.

Gritos e pedidos de ajuda e últimos suspiros se tornaram uma sinfonia que ultrapassou os violinos e harpas que jaziam em lascas no canto da sala, junto com a maior parte da orquestra.

Alex Aster's books