Seu peito se encheu de fúria, depois preocupa??o e depois tristeza. Celeste e Isla haviam planejado isso por anos. Esta era a maneira de quebrar as maldi??es. Esta era a chave para a liberdade.
Este era o plano que garantiria que ela estaria fora da ilha antes do quinquagésimo dia.
Agora, faltavam apenas três dias para o baile.
E n?o havia um desvinculador.
CAPíTULO TRINTA E DOIS
EM SEGUIDA
Celeste recebeu a notícia surpreendentemente bem.
A Estelar andou de um lado para o outro por alguns minutos antes de dizer: — Deve ser outra biblioteca, ent?o.
Isla amava a amiga, mas, naquele momento, sentiu vontade de sacudi-la pelos ombros.
N?o havia outra biblioteca. N?o havia um desvinculador.
— Precisamos pensar em outro plano — disse Isla. — Este falhou. Procuramos em todas as bibliotecas, em cada ilha. O quinquagésimo dia está chegando.
A Estelar balan?ou a cabe?a.
— Exatamente. O Centenário está só na metade. Temos tempo para encontrar a biblioteca. Nós…
— Eu n?o tenho tempo — Isla gritou, interrompendo-a.
Celeste ficou tensa. Isla nunca tinha levantado a voz para ela, mas as palavras a inundaram. Isla engoliu em seco, e deixou seu tom mais gentil.
— N?o tenho tempo — ela repetiu. — Cleo quer me matar. E, depois do baile, ela vai fazer isso.
Celeste franziu a testa, agarrou suas m?os.
— Eu sei, eu sei — disse ela. — Mas eu n?o te protegi da última vez? Com os nobres?
Isla suspirou.
— é claro, mas você mesma disse isso. N?o pode me proteger de todos. E n?o sei se Cleo é a única que quer me matar.
A amiga insistiu em continuar a busca pelo desvinculador, mas Isla estava decidida.
Elas precisavam de outro plano.
E ela sabia exatamente onde encontrá-lo.
Isla o encontrou na frente de uma janela no castelo do Continente. Estava olhando para a lua, como se olhar para ela com bastante vontade pudesse transformá-la em sol.
A postura do rei ficou tensa quando ela entrou, mas ele permaneceu imóvel. Mesmo quando ela atravessou a sala e parou ao seu lado, os olhos permaneceram fixos na janela.
Era evidente que ela seria a primeira a falar.
— Obrigada — come?ou. — Por permitir meu acesso.
Ele olhou para a frente.
— Você mesma disse. N?o precisava da minha permiss?o.
Ambos sabiam que n?o era verdade. Se o rei n?o a quisesse em sua ilha ou em sua biblioteca, poderia tê-la impedido. O silêncio se estendeu, segundos trope?ando em si mesmos.
— Encontrou o que procurava? — ele finalmente perguntou. Só ent?o a olhou.
— N?o — respondeu bruscamente, e ele se voltou para a janela.
Mais momentos se passaram como cambalhotas.
— E você? — ela sussurrou.
Fazia cinco dias desde que tinham se visto. Tempo mais que suficiente para ter procurado outra criatura antiga para obter ajuda. Se de alguma forma ele tivesse encontrado o cora??o sem ela, Isla n?o teria outro plano. Sua única esperan?a era que Oro a aceitasse de volta. Que honrasse os termos de seu acordo novamente. Ela teria sua prote??o depois do baile, e uma chance de salvar a si mesma e a Celeste.
— N?o — disse ele. O alívio tinha um gosto doce em sua língua.
— Bom. — Ela virou-se para encará-lo. Oro se virou também. — O que faremos agora?
CAPíTULO TRINTA E TRêS
O BAILE
Na metade do Centenário, no exato quinquagésimo dia, o Baile Betwixt acontecia. Era o evento do século em Lightlark, uma bela desculpa para uma festa que pretendia confundir a ansiedade e a angústia do Centenário com bebidas borbulhantes, vestidos feitos de seda de aranha e um banquete que celebrava cada uma das ilhas.
Também marcava um ponto de virada nos jogos. à meia-noite, matar passava a ser permitido.
Suas tutoras tinham criado um traje específico para o baile. Folhas delicadas espalhadas pelo peito e pela barriga, deixando a pele exposta na regi?o das costelas. As folhas verdes continuavam até os quadris, logo após o início das coxas. Abaixo havia pouca coisa, uma ou outra folha costurada no caimento do tecido. A capa era verde-escura e oferecia pelo menos algum tipo de modéstia.
Também escondia suas armas. Estrelas de arremesso disfar?adas como broches. Laminas escondidas nas dobras do tecido. Cota de malha costurada no tecido, fazendo com que a capa também fosse um escudo.
Ela sabia o qu?o inútil tudo isso seria contra um governante determinado a assassiná-la naquela noite, mas ela se recusava a morrer sem lutar. Mesmo que isso a incomodasse, teria que confiar que Oro honraria sua promessa. Eles estavam prontos para procurar a próxima criatura antiga, uma que o rei havia prometido que definitivamente tentaria matá-la, na noite seguinte.
Uma batida soou a sua porta. Ella.
— Está tudo pronto — disse ela. Isla sabia exatamente o que esperar. No entanto, seus dedos tremiam enquanto caminhava pelos corredores, seguida por servi?ais que carregavam cestas de pétalas de rosas vermelhas, folhas esmagadas e flores silvestres recém-colhidas.
Logo ela chegou diante das portas duplas, e Ella a deixou. Coluna ereta, queixo erguido.
As portas se abriram e Isla perdeu o f?lego.
O sal?o de baile tinha seis grandes escadarias, uma para cada governante. Ela encontrou o olhar de Celeste do outro lado do sal?o. Sua amiga parecia determinada, olhando através da brilhante máscara de baile para dentro do lado sombrio e sangrento daquele baile. Na manh? seguinte, um deles poderia estar morto.
Tinham se passado vinte e cinco dias desde que as duplas de governantes foram escolhidas, com a tarefa de desvendar todos os aspectos da profecia. Quem sabia se alguém havia descoberto o crime que precisava ser cometido novamente, e agora só precisava de um governante para morrer?
Ela pensou nas palavras do rei na floresta. Ele alegou que o motivo de as maldi??es n?o terem sido quebradas n?o era a dificuldade de matar outro governante, mas sim escolher o governante e o reino certos para morrer.
A tentativa de assassinato de Cleo negou tudo o que ele havia dito sobre ela e os jogos. Isla avistou a Lunar, no topo de sua própria escadaria. A raiva se aninhou em seu est?mago. Era a primeira vez que ela via Cleo desde a tentativa de assassinato.
A raiva foi rapidamente substituída por uma satisfa??o sombria. N?o aconteceu da maneira que você planejou, n?o é?, seu sorriso disse enquanto encarava a Lunar do outro lado da sala. A governante encontrou seu olhar, mas n?o havia triunfo nele. Ou qualquer coisa, na verdade. Seu rosto era um mistério, n?o revelava nada.
A neve caía como len?óis das nuvens que enchiam o teto de vidro, sombras dan?avam ao longo das paredes, árvores cresciam do ch?o de mármore, poeira estelar prateada manchava como tinta as escadas e dezenas de anéis de fogo pairavam sobre suas cabe?as.
Isla sabia exatamente o que esperar.
Mas ainda era magnífico.
Os governantes come?aram sua descida coordenada.