Lightlark (Lightlark, #1)

Em vez de um teste centrado no poder do governante — por raz?es óbvias —, Isla desejava testar a capacidade dos reinos. Seu povo podia n?o estar na ilha, mas essa era uma chance de mostrar a Lightlark tudo o que eles eram, além de sua maldi??o sanguinária.

Suas tutoras queriam que a demonstra??o fosse algo diferente, em uma oportunidade para promover sua própria estratégia.

Isla as convenceu de que demonstrar que seu povo podia curar tanto quanto podia matar poderia fazer os outros governantes perceberem o valor dos Selvagens, especialmente em compara??o aos Umbra, que apenas destruíam.

O aviso que tinha dado a Grim sobre a demonstra??o anulava parte dessa estratégia. Complicava tudo.

Eles estavam de volta à arena. Queria o maior número possível de ilhéus presentes para ver o que trouxera de sua terra.

Isla já havia anunciado seu teste para um público desconfiado. Sua voz tinha soado surpreendentemente suave, sem nenhum sinal de ansiedade.

As regras também tinham sido estabelecidas. O público votaria em qual demonstra??o de habilidades de um reino seria mais útil para garantir o futuro da ilha. Ninguém podia votar em seu próprio governante, embora Isla n?o tivesse a ilus?o de que isso daria aos Selvagens uma chance de ganhar. Ela n?o venceria, mas também n?o precisava. O que a multid?o precisava saber era que os Selvagens eram mais do que apenas sedutores perversos.

Os governantes ficaram no centro da arena. Ela se perguntou se uma hora seria tempo suficiente para se preparar, considerando aqueles que ainda n?o sabiam sobre a demonstra??o.

Suas express?es n?o revelavam nada, esperando que ela chamasse seus nomes.

— Azul.

O governante atravessou o centro da arena, seguido por uma fila de outros Etéreos que ajudavam na demonstra??o.

— Nosso reino vem trabalhando em uma forma de comunica??o que usa o vento. Uma comunica??o mais fácil significa mais eficiência, processos simplificados... convites mais rápidos para festas.

A multid?o riu. Azul certamente sabia como se apresentar. Isla pensou em suas palavras sobre o governo dos Etéreos no dia anterior. Seu povo parecia adorá-lo. Era por isso que Azul deu essa escolha a eles? Ela, mais do que ninguém, entendia a importancia da liberdade...

Ele pegou um peda?o de pergaminho de um bolso interno da capa e escreveu uma mensagem. Em seguida, dobrou-o cuidadosamente em um quadrado e usou seu poder para fazê-lo voar pela arena, direto para a m?o de Isla.

Todos os olhos estavam nela. Isla abriu a página e leu as palavras que o governante havia rabiscado: Claro, também temos nossa música...

Isla n?o conseguiu segurar um sorriso.

— Isso pode ser replicado em grande escala — acrescentou Azul.

Ele fez um gesto para o resto dos Etéreos que se juntaram a ele. Eles carregavam pilhas de folhas de pergaminho. Sem aviso, jogaram tudo para o ar.

Diante de seus olhos, cada um dos papéis foi dobrado cuidadosamente, ent?o eles voaram, um após o outro, em dúzias de trajetos que os Etéreos haviam criado no céu, correntes de vento para que as mensagens seguissem trilhas no ar até seus destinatários. Uma verdadeira infraestrutura de comunica??o em massa.

Foi uma grande exibi??o. Uma inova??o que com certeza causaria impacto em Lightlark. A multid?o parecia pensar assim também.

Isla se perguntou o que diziam as páginas que Azul havia distribuído. Talvez um convite para uma festa que os Etéreos fariam na pra?a depois da demonstra??o.

— Cleo.

Isla esperava que a falta de tempo para se preparar tivesse atrapalhado a governante. Ela imaginou a Lunar lutando para montar uma demonstra??o e quase sorriu.

Cleo irradiava apenas confian?a ao seguir em dire??o ao centro da arena. Ela n?o tinha criados. Nenhuma ferramenta... nada para exibir.

Suas palavras foram simples:

— Temos navios — disse ela. — Nos últimos dois séculos, construímos muitos, muitos navios.

E só.

A Lunar voltou para seu lugar, e Isla sentiu uma pontada de raiva no peito. Ela se perguntou se a multid?o ficaria em silêncio. Confusa. Se os outros governantes iriam rejeitar a falta de exibi??o.

Mas n?o. Os Lunares aplaudiram, como se confirmando que tinham passado décadas construindo a frota que Cleo descrevera como se n?o fosse nada importante.

Ela poderia estar mentindo. Mas Oro aparentemente acreditava nela.

Ele aparentemente n?o sabia nada sobre os navios.

Interessante. Celeste estava certa. Havia tens?o se formando entre alguns dos reinos Lightlark.

Embora uma Marinha n?o fizesse sentido enquanto os Lunares ainda estavam assombrados pela lua cheia mortal, isso seria útil em um mundo pós-maldi??o. Os navios poderiam ser usados para trazer os milhares de Lunares, Estelares, Selvagens e Etéreos de volta a Lightlark, para unificar os reinos em apenas um lugar novamente. Eles poderiam explorar terras distantes além da ilha e das novas terras dos reinos.

Também poderiam ser usados para uma guerra.

— Celeste — disse Isla, refletindo se a forma como falava o nome da amiga era diferente de como dissera os nomes dos outros. Pensando se dizer o nome de uma pessoa milhares de vezes o fazia soar diferente.

A Estelar estava preparada, é claro. Uma dúzia de seus voluntários juntaram-se a ela.

— Meu reino vem desenvolvendo uma maneira de fabricar ferramentas e armas usando apenas nosso poder — disse ela, gesticulando para seu povo, pedindo para eles come?arem.

A multid?o assistiu maravilhada enquanto os Estelares demonstravam a maneira como reuniam suas energias, tornando-as t?o concentradas que, diante dos olhos de todos, uma espada foi criada em apenas alguns instantes. Eles transformaram energia em metal, quase como Oro transformou a mesa em ouro.

Quase.

Isso exigia uma dúzia de Estelares e muito esfor?o. Para uma espada.

O rei provavelmente poderia transformar todos eles em ouro num f?lego só.

Celeste pegou a espada pronta nas m?os e a ergueu, para os aplausos intermináveis de todos os Estelares presentes.

Isla queria sorrir, queria dizer algo à amiga. Mas tudo que fez foi chamar o próximo nome.

— Oro.

O rei n?o encontrou o olhar de Isla enquanto tomava seu lugar. Ele sempre a olhava com desdém. Agora que provavelmente já sabia que Isla o deixara ganhar o duelo e tinha sido usado como adere?o para a demonstra??o dela na prova de Azul, parecia que Isla tinha sido rebaixada, sendo tratada como algo indigno de aten??o.

— Encontramos novas maneiras de espalhar luz e calor por toda a ilha.

Com um movimento rápido, Oro acendeu fogo à sua frente. Ent?o mergulhou a m?o inteira dentro das chamas antes de tirá-la com os dedos abertos. Faíscas se espalharam como respingos de tinta, voando ao redor. Houve gritos e alguns ilhéus se protegeram usando seus poderes.

Mas as chamas estavam presas em dezenas de esferas, que pousaram de forma inofensiva nas m?os e nos colos das pessoas.

— N?o v?o se apagar enquanto a chama original estiver acesa.

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