Lightlark (Lightlark, #1)

Isla estava pensando a mesma coisa.

— N?o sei. Talvez Cleo tenha feito algo e só n?o sabemos ainda.

Ela também contou que a Lunar queria que Celeste morresse, ao que a amiga apenas deu de ombros.

— Acho que todo mundo aqui, exceto você, quer isso. Vou ser mais cuidadosa, é claro, mas nunca confiei nela, nem por um instante.

Finalmente, Isla disse a Celeste que Oro a salvou e o que ele havia alegado.

Ela se preparou para o julgamento da parte de Celeste, para seu olhar de decep??o, mas a Estelar parecia quase satisfeita.

— Isso é bom — disse ela.

— Bom?

Celeste assentiu.

— Eu te disse, estou procurando a biblioteca secreta. Tenho certeza de que fica no castelo do Continente, e Oro deve saber onde. Você poderia perguntar. Ele revelou o seu maior segredo para todo mundo, ent?o vai ter que te contar alguma coisa para ganhar sua confian?a de novo.

Isla teve vontade de gritar diante da insistência de Celeste em continuar procurando pelo desvinculador, mas Isla prometeu que perguntaria quando pudesse, só para acalmar os animos da amiga.

Desde o baile, os súditos de cada reino haviam se isolado em suas ilhas. A falta de energia no Continente estava acelerando sua destrui??o.

N?o era hora de comemorar. Isla e Oro precisavam verificar os dois últimos lugares da Ilha da Lua o mais rápido possível, antes que o tempo acabasse. Terra n?o passava de vinhas e madeira.

Mas, para Oro, o pre?o de desobedecer às regras do Centenário seria sua vida, e Isla tinha que segui-las se quisesse vencer.

No septuagésimo quinto dia, o festival Carmel aconteceu como o planejado.

Uma comemora??o durando vinte e quatro horas para marcar as últimas semanas do Centenário, uma celebra??o dos reinos para todos os ilhéus, n?o apenas os nobres. Isla achava que ninguém compareceria ao evento, n?o depois do que havia acontecido no baile, mas, assim como esperado, as lojas voltaram a abrir as portas no dia anterior ao festival. Pequenas multid?es come?aram a encher as ruas.

Isla n?o precisava ficar durante todo o evento, apenas por parte dele. Ela pulou o piquenique de manh? e as festividades na zona leste do Continente à tarde.

Ela se perguntou se Cleo faria uma apari??o, dada sua suspeita de que a Lunar n?o se importava com as regras. Se ela tivesse mesmo lan?ado as maldi??es, ia querer mantê-las intactas… n?o quebrá-las.

A Lunar também tentaria impedir qualquer outra pessoa de quebrá-las.

Isla esperou em seu quarto no castelo o dia todo, ouvindo da janela os ecos das festividades. Música ao longe. Copos tilintando enquanto as celebra??es continuavam em dire??o aos jardins do castelo.

Se o Carmel n?o fosse naquele dia, ela estaria na Ilha da Lua procurando nos últimos lugares. As duas pernas de Terra estavam debaixo da terra agora. Flores brotavam do topo de sua cabe?a.

N?o demoraria muito para que a floresta a tomasse completamente. N?o demoraria até que a própria floresta n?o existisse mais.

Um dia de descanso, disse a si mesma. E ent?o iria encontrar o cora??o e conseguir tudo o que queria.

— Você está ridícula — disse Celeste.

Estava anoitecendo. A Estelar tinha acabado de voltar das celebra??es para chamar a amiga. Isla tinha voltado para o quarto no castelo, por insistência de Oro, já que estavam trabalhando juntos novamente. Ele prometeu que tomaria precau??es para mantê-la segura.

Guardas monitoravam seu corredor o tempo todo. O próprio rei vinha visitá-la ao longo do dia.

Celeste e Isla estavam ambas vestidas como representa??es brilhantes e requintadas de seus reinos. A líder Estelar estava coberta de cristais, do pesco?o às luvas compridas, até o tecido que cobria o ch?o a seus pés. Seu cabelo estava enfeitado inteiro por pequenos diamantes, como estrelas extraídas da galáxia só para a festa.

Naquela noite, Isla era uma rosa desabrochando. Uma coroa de flores fora colocada por cima da sua coroa, vermelho vivo em contraste com seu cabelo escuro. Pétalas de rosa tinham sido posicionadas em seu pesco?o e desciam até um corpete dividido em três partes. Os recortes ficavam cada vez mais elaborados até a altura da cintura, bem apertada com fitas cruzadas ao longo da coluna, antes de florescer de seus quadris em camadas enormes. Fileiras de pétalas entrela?adas iam até o ch?o. Sua capa era uma cauda de rosas que se arrastava por um metro e meio.

Elas n?o podiam entrar juntas no Carmel. Oro provavelmente sabia da amizade entre as duas, se ele e seus guardas estiveram mesmo rastreando seus movimentos. Isso n?o era especialmente alarmante; claro que as governantes mais jovens criariam la?os. Ainda assim, elas n?o queriam que ninguém suspeitasse de que sua alian?a precedia o Centenário.

Celeste prometeu ficar por perto e Isla planejava ficar poucos minutos no festival. Vendedores se enfileiravam nas ruas do lado de fora do castelo, vendendo mingau em conserva, bolinhos de sabugueiro, fios de a?úcar e ta?as e mais ta?as de bebida. Foli?es de todos os reinos diurnos vagavam pelas festividades, usando vers?es elaboradas de suas cores, a cautela desaparecendo a cada segundo que se passava sem um desastre. Estelares usavam glitter, Etéreos usavam chapéus que flutuavam precariamente na brisa e Lunares usavam ternos e vestidos formais brancos.

Todos olhavam para ela. Isla imaginou que as notícias de sua falta de poderes haviam se espalhado, embora a maioria tivesse assistido à sua apresenta??o no duelo, testemunhado o que ela era capaz de fazer com uma lamina. Ela girou uma adaga entre os dedos, encarando-os de volta. Desafiando-os a fazer um movimento.

Isla percebeu imediatamente que estava sendo seguida, mas n?o por Cleo.

Oro havia colocado uma escolta de cerca de meia dúzia de guardas para acompanhá-la pelos jardins. Eles eram discretos, mas Isla podia sentir seus olhos sobre ela.

A prote??o deles a tornou ousada. Quando um Estelar carregando uma bandeja de bebidas passou por ela, Isla aceitou uma das ta?as.

Ela sabia as chances de encontrar o cora??o e obter seu poder. Esta poderia muito bem ser sua última celebra??o. Sua última chance de provar um vinho.

Isla tomou um gole.

Tinha gosto de mel maltado e desceu queimando a garganta.

Os guardas continuaram a segui-la pelos jardins. Levou apenas alguns segundos para que ela come?asse a se sentir leve.

Vinho n?o poderia ser t?o forte, poderia? Teria tomado algum tipo de bebida comemorativa mais forte que o normal?

Celeste saberia. Os nobres a encaravam enquanto ela passava, buscando a amiga na multid?o. Ela n?o a viu em lugar nenhum. Talvez tivesse ido embora. Talvez n?o tivesse conseguido encontrar Isla e decidira procurar por ela em seu quarto.

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