Lightlark (Lightlark, #1)

Oro deu um passo para trás, notando seu olhar e, provavelmente, seu panico.

— Te trouxe para cá assim que te encontrei. Achei que n?o iria querer que os outros soubessem o que aconteceu.

Nada disso fazia sentido.

Por que Oro tinha salvado ela?

Ele alegava que n?o a havia traído… que o plano deles ainda estava em andamento. Que todas as suas a??es estavam a servi?o de sua busca pelo cora??o.

Mentiras incontáveis.

Há mentiras e mentirosos por toda parte…

Oro continuou:

— Ela finalmente me levou até lá esta noite. Foi assim que encontrei você. Estava na Ilha da Lua, no labirinto. O cora??o n?o estava lá, o que é bom, porque acredito que Cleo teria tentado pegá-lo… mas agora nós só precisamos procurar em mais dois lugares.

Nós. N?o havia mais nós.

Isla balan?ou a cabe?a. Lágrimas escorreram pelo seu rosto, a trai??o ainda uma ferida aberta.

— N?o se trata apenas de alterar duplas. — Sua voz falhou. Ela odiava quando isso acontecia. — Eu confiei em você. Eu… você. Você contou a eles. Você…

Oro fechou os olhos por um momento.

— Eu sei. Eu sinto muito. De verdade. Cleo estava desconfiada. Ela sabia que havíamos visitado a Ilha da Lua um dia antes. — Isla pensou no pássaro. O espi?o. Ele tinha visto os dois. — A única maneira de convencê-la a me ajudar era descartar você. Publicamente. Sua rea??o e comportamento nas últimas semanas tinham que ser genuínos.

Essa n?o era uma raz?o boa o suficiente. Ela abriu a boca para dizer isso a ele, mas Oro continuou.

— E — ele disse — minhas fontes me disseram que Cleo tem ficado cada vez mais convencida de que é a Estelar que deve morrer.

O quê? Isla mal resistiu ao impulso de ficar de pé, alarmada.

— Isso n?o faz o menor sentido. Ela me quer morta.

Oro franziu a testa.

— Cleo teria te matado esta noite se quisesse.

— Foi praticamente isso que ela fez — retrucou Isla, exasperada. Se Oro n?o a tivesse salvado, ela teria virado a refei??o de alguém. — Por que Cleo escolheria a Estelar?

— Ela acredita que é a mais fraca entre nós. é o menor reino. O que menos se desenvolveu nos últimos quinhentos anos, devido à maldi??o.

A voz de Isla tremeu ao dizer:

— Você… você n?o concorda com ela, concorda?

Ele negou com a cabe?a.

— N?o. O reino Estelar é essencial. Eu n?o revelei seu segredo só para Cleo confiar em mim, mas também para lan?ar dúvidas sobre essa decis?o. Antes, quando Cleo e Celeste eram um par, ela n?o podia matá-la. Quando alterei as duplas…

— Cleo poderia ter ido direto nela — Isla completou.

Oro assentiu.

— Exatamente.

A impress?o de Isla era que Cleo nem se importava em seguir as regras ou alcan?ar o poder prometido. N?o se era ela a responsável pelas maldi??es.

Mas se Oro estivesse certo e compartilhar seu segredo tivesse salvado Celeste… ela era grata.

Tudo o que ele disse parecia lógico. Se estava falando a verdade, ent?o tudo o que tinha feito nas últimas duas semanas fora para manter Isla e o plano deles em seguran?a.

Ela balan?ou a cabe?a.

— N?o acredito em você.

— Eu nunca menti para você, Isla. — Ele deu um passo à frente, se aproximando. — Apesar de você ter mentido para mim muitas vezes. — Outro passo. — Você me contou o seu segredo. Agora deixe-me revelar qual é o meu dom. Ninguém consegue mentir para mim. — Ela se lembrou das palavras dele na caverna. — Porque eu sei quando as pessoas est?o mentindo.

O dom. Isla piscou.

Ela havia perdido a conta de quantas vezes havia mentido para Oro ao longo do Centenário. Enquanto trabalharam juntos. E, todas as vezes, ele sabia.

Ele estreitou os olhos para ela.

— Tudo o que você fez foi mentir para mim, e eu ainda te contei sobre o cora??o. Eu te contei tudo, menos isso. Porque Cleo adorou ver a sua express?o quando você se deu conta de que tinha sido traída. Por isso ela se disp?s a me levar a qualquer lugar que eu quisesse na Ilha da Lua. Ela vibrou quando eu te expus e a escolhi como parceira. Quando revelei um segredo t?o importante. — Ele parou a poucos centímetros dela. As m?os de Isla ainda estavam fechadas em punhos, e ela ponderou brevemente sobre como seria bom socá-lo.

— Você me colocou em perigo — disse ela. — Cleo poderia ter me matado!

— Nunca estive longe de você — ele disse. — Soube quando você se mudou para o Palácio de Espelhos. Eu vigiei a entrada. Coloquei guardas nas proximidades. Como acha que Ella conseguiu passar ilesa? Eu te segui por todos os lugares. E quando n?o podia, meus guardas monitoraram Cleo para garantir que ela n?o chegasse perto de você.

Isla deu uma risada ir?nica.

— E hoje à noite?

— Esta noite, fui encontrá-la. Você passou despercebida ao segui-la, mas eu te encontrei, n?o foi? — Ele balan?ou a cabe?a. — Cleo está planejando alguma coisa. Está formando uma legi?o secreta. — Ent?o, ele sabia. — O cora??o está na ilha dela. Se Cleo encontrá-lo antes de nós, temo pelo que ela pode fazer.

Ele estava certo. Isla estava convencida de que Cleo havia lan?ado as maldi??es. Se a teoria de Oro estivesse correta, isso significava que ela já teria usado o cora??o antes. O que a impediria de fazer isso de novo?

O olhar de Oro era implacável.

— Eu confio em você, Isla, embora tenha me dado inúmeras raz?es para n?o fazê-lo. Você vai confiar em mim? Pelo bem de nosso povo?

Nosso povo.

Isla n?o queria falar com o rei nunca mais, mas também n?o tinha um plano. Celeste ainda perseguia o desvinculador inutilmente.

E seu povo estava morrendo.

— Sua oferta ainda está de pé, ent?o — disse ela, cada termina??o nervosa em seu corpo gritando para n?o confiar nele. Para enfiar uma lamina em suas costas e fazê-lo sentir a trai??o.

Oro assentiu.

— Quando encontrarmos o cora??o, você vai usá-lo. Você receberá o poder prometido.

Isla seria uma tola se confiasse em Oro de novo depois do que ele havia feito, mas parte dela esperava que ele n?o estivesse mentindo, que realmente existisse uma chance de salvar seu povo e a si mesma.

Também n?o podia ignorar o fato de que Oro tinha salvado sua vida. Mais uma vez. N?o fazia o menor sentido. Se ele estava trabalhando contra ela, por que n?o queria Isla morta? Isso cumpriria parte da profecia.

Isla relaxou as m?os, e a adaga que havia retirado do bolso secreto em suas cal?as enquanto ele falava caiu no ch?o com um estrondo.

Oro olhou para o ch?o, nada surpreso.

— Certo. — Ela o encarou com o olhar mais frio que conseguiu. — Você sabe que n?o como cora??es — disse lentamente. — Mas se me trair de novo, n?o importa o motivo — Isla mostrou os dentes —, vou abrir uma exce??o.





CAPíTULO QUARENTA E QUATRO


CARMEL





— Cleo— Cleo lan?ou as maldi??es — Isla contou a Celeste na manh? seguinte. Contou tudo sobre o ataque à amiga. Até sobre a conversa entre ela e Cleo.

Diante disso, Celeste franziu a testa.

— Mas com qual objetivo? Se ela as criou, n?o ganhou nada com isso. N?o é como se ela tivesse usado as fraquezas dos outros reinos para invadi-los. Ela n?o fez nada.

Alex Aster's books