Isla estremeceu com essa ideia.
Horrível. Além disso, o Solar denunciaria o crime imediatamente, e Oro saberia que alguém pretendia entrar às escondidas em sua ilha.
Isla estava t?o concentrada em fingir interesse na profecia e tramar sua tentativa de se infiltrar na biblioteca da Ilha do Sol que n?o percebeu que seu nome tinha sido chamado até ser repetido t?o alto que ela se assustou.
— Isla — o rei disse.
Sua express?o deve ter revelado que ela n?o tinha ideia do que ele dissera antes ou se fizera uma pergunta, porque o rei lhe lan?ou um olhar sério.
— Minha escolha de parceira — o rei repetiu por entre os dentes, de forma bem evidente odiando cada palavra que saía de sua boca.
A sala dissolveu-se. Ela esqueceu de neutralizar sua express?o ou controlar as emo??es perto de Grim. Sua boca poderia estar aberta. Ela talvez tenha lan?ado sem querer um olhar horrorizado para Celeste.
— é a Isla.
CAPíTULO VINTE E DOIS
ACORDO
Isso era péssimo. Perigoso.
Ela deveria ter sido colocada com Celeste. Elas tinham um plano.
Esse era mais um fator que só complicava tudo.
Por que em mil reinos o rei ia querer formar uma dupla com ela?
A última coisa que Isla queria era ser for?ada a passar o tempo com o líder de Lightlark. N?o só porque ele era insuportável, mas também porque fazer isso significaria ter que utilizar seus poderes para usar a profecia e encontrar uma forma de quebrar as maldi??es.
Poderes que ela n?o possuía.
Será que ele seria capaz de sentir sua falta de poder se passassem mais tempo juntos? Grim n?o tinha conseguido. Mas Oro era o rei de Lightlark, suas habilidades eram infinitas.
Isla tinha que encontrar uma saída para isso... Uma desculpa. Ela esperou Celeste bater a sua porta, para pensarem em alternativas.
Celeste. Sua amiga tinha formado dupla com a pior governante possível. Cleo. Ela sentiu uma pontada de pavor.
Tudo tinha dado t?o errado.
Tudo por causa do rei.
Horas depois, uma batida à porta. Isla tinha feito tudo o que podia para se distrair, esperando que a Estelar finalmente chegasse. Tinha tomado banho, como se pudesse afastar da pele o dia vivido com água. Tinha colocado suas roupas mais confortáveis, as pe?as guardadas às escondidas na bagagem antes de deixar o reino dos Selvagens: uma camisa larga de manga comprida que Poppy tinha deixado que ela usasse à noite. Cal?as justas que eram t?o macias quanto a camisa.
Celeste, até que enfim, ela pensou enquanto abria a porta.
Mas n?o era Celeste.
As sobrancelhas de Oro se ergueram de leve enquanto ele a observava. Isla parecia uma pessoa completamente diferente, sem maquiagem, o cabelo em um coque alto, uma camisa cinco números maior. Ela teria se preocupado pelo fato de encontrar o rei assim, sem a máscara da sedutora Selvagem, se n?o estivesse t?o irritada.
Ela cruzou os bra?os sobre o peito.
— Você normalmente visita outros governantes no meio da noite?
Oro copiou a express?o fria de Isla antes de olhar por cima do ombro dela para o quarto.
— Posso entrar?
Isla sentiu um aperto no peito. Havia muitas coisas em seu quarto que entregariam seus segredos. A varinha estelar. Sua dependência de elixires. Mas ela n?o podia recusar. Isso só o deixaria mais desconfiado.
— Pode, né.
Ela deveria ter previsto que ele iria procurá-la. Ele tinha, afinal, decidido juntar-se a ela por algum motivo. Isla havia se retirado com uma desculpa o mais rápido possível, fugindo para o quarto com medo de que todos na sala fossem capazes de ouvir a batida instável de seu cora??o ansioso se ficasse mais tempo lá.
Ele passou por ela e franziu a testa diante do estado de seu quarto.
Nem estava t?o bagun?ado. Havia alguns vestidos que ela n?o tinha conseguido guardar pendurados na mobília e xícaras de chá empilhadas na mesa de cabeceira, mas e daí? O quarto do rei era perfeito?
Ela fechou a porta e continuou onde estava.
— Sim? — perguntou sem rodeios.
Oro pegou cuidadosamente um de seus vestidos, colocou-o na cama e sentou-se na cadeira que o traje ocupava, recostando-se como se estivesse em seu próprio quarto. E Isla sup?s que estava.
Seus dedos percorreram as laterais curvas do assento enquanto dizia: — Gostaria de fazer uma proposta.
Por um momento, Isla considerou pegar a varinha estelar de seu esconderijo no guarda-roupa e ir para algum lugar distante. Seria t?o fácil...
De alguma forma, ela se for?ou a permanecer firme.
— H?? O que você prop?e?
Eles já eram uma dupla. Isla n?o entendia por que o rei queria fazer algum outro acordo além disso, mas decidiu que seria melhor deixar que ele falasse. Talvez assim, finalmente, conseguisse algumas respostas.
Oro entrela?ou os dedos longos.
— Tenho uma teoria sobre as maldi??es, uma em que tenho trabalhado ao longo de meio século. E acredito que você seja capaz de me ajudar.
Ela queria rir e dizer que, se era de poder que ele precisava, deveria pedir a outra pessoa. Queria dar qualquer desculpa em que conseguisse pensar.
— A quest?o é que preciso de certos conhecimentos naturais. Algo que você evidentemente possui.
Ent?o tinha sido por isso que ele a salvara naquele primeiro dia. Por que tinha colocado os dois juntos. Ele precisava de algo...
— Qual é a proposta?
— Você está, é claro, ciente da penúltima linha do enigma. Um de nossos reinos deve cair para que as maldi??es sejam quebradas. — Isla assentiu. — Como somos uma dupla, n?o posso machucá-la. E, se você me ajudar a encontrar o que procuro, farei o meu melhor para protegê-la dos outros governantes também.
Protegê-la.
Ela odiava essa palavra, embora precisasse realmente ser protegida.
Queria que n?o fosse assim.
Além disso, “o seu melhor”?
Ela lhe lan?ou um olhar fulminante. Seus pensamentos vieram à tona sem filtro. Para que fingir, como fazia com todos os outros, representando um papel, dizendo apenas o que queriam ouvir? Cada vez que olhava para Oro, tudo o que Isla ouvia na cabe?a era o primeiro passo do plano de suas tutoras. Seduzi-lo. Roubar seus poderes.
Elas a menosprezavam tanto assim?
Será que o rei a menosprezava tanto que acreditava que Isla precisava de sua prote??o?
— Você quer me proteger? Pensei que estivesse morrendo.
Os olhos de Oro arderam como fogo. Ela imaginou que, se ele n?o precisasse dela ou n?o fosse for?ado a seguir as regras, teria sido incendiada bem ali, com um único olhar.
— Temos um acordo ou n?o, Selvagem? — Ele cuspiu a última palavra como se tivesse queimado a língua.
Isla sorriu.
— Você me acha repugnante, n?o é? — Isla deu um passo na dire??o dele. — é porque como cora??es? — perguntou, prazer florescendo enquanto a express?o fechada dele ficava mais carregada. — Ou s?o os vestidos? — Ela fingiu compaix?o. — Que pena que a única pessoa capaz de te ajudar com sua suposta teoria te cause tanta repulsa.
Oro se levantou.