Lightlark (Lightlark, #1)

Padr?es se formam para os que s?o pacientes, ela sabia, e havia aprendido a ser especialmente persistente durante sua pris?o no castelo de vidro. Cinco dias haviam se passado desde a demonstra??o de Azul, Celeste estava ocupada tentando encontrar um fornecedor para as luvas, e nenhuma outra demonstra??o havia sido anunciada. Ent?o Isla estava se concentrando na sua parte do plano. Tinha visitado a pra?a quase todas as noites para observar. Esperar.

Descobriu quais nobres frequentavam uma loja que vendia obras de arte durante o dia, mas se transformava em um bordel secreto depois da meia-noite. Quais lojas tinham entradas pelas portas dos fundos e exatamente a que horas elas realmente fechavam. Contou o número de músicas que a banda tocava antes de ir embora — sempre catorze — e quais membros passavam no bar antes de voltar para casa.

A informa??o realmente importante foi coletada quando os Solares já tinham ido embora havia muito tempo, para n?o explodirem em chamas com o sol nascente. Enquanto o primeiro indício do dia cobria o horizonte em um tom rosado e as únicas pessoas que restaram na pra?a do mercado estavam muito bêbadas para notá-la, Isla andava pelas ruelas, atenta. Ouvindo.

Foi assim que descobriu sobre o dono do bar.

O homem trancou a porta no fim da noite com uma chave que guardava no bolso de sua cal?a azul-clara engomada. Havia um ritmo estranho no tilintar da fechadura; ele deu cinco voltas para trancá-la por completo.

O homem se virou e levou um susto.

Isla estava sentada em um banquinho instável, as m?os entrela?adas à frente. O lugar cheirava a álcool, bebida forte, pura e concentrada. Ela nunca havia provado, gra?as à Poppy e Terra, mas conhecia bem o cheiro.

Você já tem a cabe?a nas nuvens, elas disseram. N?o há necessidade de piorar a situa??o.

— Parece que os negócios est?o fervilhando — disse ela, apontando para as dezenas de copos vazios largados nas mesas, sobras de uma noite eufórica.

O homem sorriu, curvando as pontas de seu bigode de formato estranho.

— Bem, os anos n?o têm sido bons. Tempos ruins s?o bons para os negócios.

Isla n?o estava usando sua coroa nem qualquer cor mais vibrante, mas o homem a encarou.

— Você sabe quem eu sou, ent?o — disse ela.

Seu olhar permaneceu fixo nela enquanto o Etéreo percorria o caminho até o outro lado do bar. Ele abriu uma garrafa, serviu o conteúdo em um copo e tomou um gole da bebida cor de mel sem tirar os olhos de Isla.

— Claro que sim, Selvagem. A quest?o é... você sabe quem sou eu?

Isla tinha visto inúmeros ilhéus entrarem e saírem do bar, rápido demais para estarem em busca de divers?o, e sem nenhuma bebida nas m?os. Alguns saíam sem nem ao menos ter cheiro de álcool. Ela havia seguido alguns deles, passado por eles, visto que n?o havia nada de novo em seus bolsos. O que significava que o homem estava vendendo algo além de bebidas alcoólicas. Algo invisível, mas inestimável. A fofoca na rua tinha praticamente se confirmado.

— Você é quem os ilhéus procuram quando precisam de informa??es.

O Etéreo apertou os lábios, pensando. Enfim, colocou sua bebida no balc?o e fez uma reverência.

— Juniper, ao seu dispor.

— Qual é o seu pre?o? — ela perguntou.

Tinha chegado preparada. Sem esperar pela resposta, deixou cair um punhado de pedras preciosas no balc?o, junto com uma grande pilha de moedas. Estava pronta para pagar o que fosse necessário para obter as informa??es certas.

Juniper olhou para aquela riqueza toda e sorriu.

— Eu exijo um tipo diferente de pagamento...

Isla prendeu a respira??o. O que ele estava insinuando?

Ele deve ter percebido a tens?o de Isla, porque acrescentou: — Eu lido com segredos, querida.

— Segredos?

Juniper assentiu.

— Conte-me um dos seus... e ficarei feliz em fornecer todas as informa??es que precisar.

A men??o a segredos fez o sangue de Isla gelar. Seus segredos significavam sua morte. Isla endireitou a postura.

— N?o tenho segredo algum — disse com firmeza.

Juniper apenas sorriu.

— Nós dois sabemos que isso n?o é verdade.

Ela engoliu. O que exatamente ele sabia?

Panico cresceu em seu peito, bile subiu pela garganta.

Parte dela queria fugir.

Mas, para entrar na biblioteca da Ilha da Lua, Isla precisava de informa??es. Ela respirou fundo e, antes que mudasse de ideia, declarou: — Deixei o rei vencer durante a primeira demonstra??o. Eu poderia tê-lo derrotado, mas n?o o fiz.

Juniper respirou fundo, como se o segredo o revigorasse, ent?o disse: — Isso serve. O que deseja saber, Governante?

Isla se inclinou para que ele escutasse seu sussurro.

— Como passo pelos guardas na Ilha da Lua?

Ele apoiou o dedo nos lábios, pensando.

— N?o há guardas durante a lua cheia, quando a maldi??o fica mais forte. Todos os Lunares se abrigam na seguran?a de seu castelo.

Bom.

— E quando é a próxima lua cheia?

Juniper respondeu de imediato, como se soubesse que essa seria a próxima pergunta.

— No vigésimo dia do Centenário.

Isso seria dali a uma semana.

Ela assentiu.

— Obrigada.

Parte dela queria perguntar sobre todas as outras bibliotecas. Onde ficavam. Como poderia entrar nelas. Mas confidenciar seu plano ao dono do bar seria tolo e arriscado.

Isla virou-se para sair.

— Ah, Selvagem? — Juniper chamou, tamborilando no balc?o.

Ela gelou. Olhou por cima do ombro para o homem.

— Algumas roupas do alfaiate sumiram. Você n?o saberia nada sobre isso, saberia?

O est?mago de Isla se contorceu em um nó, mas seu rosto n?o revelou nada. O treinamento de Poppy garantia que suas emo??es sempre ficassem sob controle.

Aquilo era um jogo. Para todos eles. A vida dos ilhéus também estava em risco, ela precisava se lembrar disso. Precisava se lembrar de que n?o podia confiar em ninguém. Especialmente em Juniper.

Ela sorriu.

— Um segredo para outra hora — respondeu, antes de sair pela porta dos fundos.





CAPíTULO ONZE


MEDO





Oalfaiate sabia que as roupas tinham sumido. Era mais importante do que nunca encontrar o desvinculador antes que algum dos governantes descobrisse sobre o roubo e ficasse desconfiado.

Um problema: ela só poderia come?ar sua busca pelas bibliotecas depois da demonstra??o de Celeste. A demonstra??o daria a elas a última coisa de que precisavam para localizar o desvinculador.

Felizmente, a carta dourada de Oro para a Estelar chegou na manh? seguinte. Cada governante tinha o direito de escolher quando e onde a demonstra??o aconteceria, desde que fosse em até dois dias após o recebimento da carta do rei.

Celeste escolheu realizar a dela imediatamente.

Quando Ella bateu à porta do quarto, Isla demorou para atender, como se já n?o estivesse vestida com o traje perfeito para o próximo teste. Como se n?o tivesse passado as últimas horas pensando em diferentes desfechos para aquela demonstra??o. Como se, coincidentemente, n?o tivesse solicitado que sua refei??o fosse entregue mais cedo.

O papel que ela recebeu era prateado, brilhante. As palavras foram escritas na caligrafia perfeita de Celeste.

Um teste de medo, dizia o convite.

Local: Sal?o de Vidro

Hora: Agora

Isla seguiu Ella pelo castelo do Continente. Nunca havia estado naquela ala antes, uma parte que parecia antiga, quase intocada por centenas de anos.

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