Lightlark (Lightlark, #1)

— Que bom — disse ele, e estalou os dedos.

De repente, tudo na loja come?ou a flutuar. Gra?as a Celeste, Isla conhecia bem os poderes deste reino. Estelares canalizam a energia das estrelas, permitindo-lhes mover objetos. O alfaiate apontou um dedo, e um rolo de tecido vermelho-sangue intenso voou pela sala. Em um piscar de olhos, Isla estava embrulhada nele, t?o rápido que o traje antigo foi substituído e ela só percebeu quando viu o vestido velho em tiras no ch?o. O vermelho a apertou com tal for?a na cintura que tirou seu f?lego; tesouras flutuantes faziam cortes rápidos; linhas voadoras e agulhas costuravam a uma velocidade impossível. O alfaiate dirigia tudo como se estivesse conduzindo uma orquestra, m?os movendo-se graciosamente à frente. Outro corte de tecido formava uma capa sedosa e transparente. Um corpete foi habilmente trabalhado ao seu redor e amarrado firmemente ao espartilho, cortando sua respira??o.

Em segundos, ela estava usando um lindo vestido novo.

Ela se virou para o alfaiate e encontrou outra pessoa sentada na loja, com os cotovelos apoiados nos joelhos.

— Como chegou aqui? — ela perguntou, incrédula.

Grim parecia entediado. Ele ergueu uma sobrancelha, como se dissesse: Preciso mesmo responder?

O alfaiate olhou para ele, permanecendo surpreendentemente calmo em compara??o com os outros ilhéus que haviam encontrado, e voltou sua aten??o para Isla.

— O que achou?

Ela se olhou nos muitos espelhos.

— Parece água. O tecido... é macio como uma pétala de rosa.

— Seda de aranha gigante, Governante. Vou trabalhar no restante do guarda-roupa.

Mantendo a voz o mais baixa possível e lan?ando outro olhar na dire??o de Grim, ela disse: — Se n?o for nenhum problema, além dos vestidos, preciso de algo mais adequado para lutar. Cal?a. Armaduras.

Essas instru??es vieram de Terra. Enquanto o alfaiate anotava algumas coisas, ela espiou atrás dele, dando uma boa olhada na sala dos fundos... e na fechadura da porta.

O alfaiate juntou as m?os, como se estivesse rezando. Ele realmente parecia adorar moda mais do que a maioria das pessoas adorava seus governantes.

— Com todo o prazer. Mandarei tudo para o castelo em breve.

Isla agradeceu e lan?ou um olhar fulminante para Grim ao sair da loja, sabendo que ele iria gostar disso. Compartilhar chocolates parecia ter colocado alguns dos seus medos sobre Umbras e seus poderes de lado. Parte dela estava surpresa por ter se sentido t?o confortável perto de um homem que conhecia havia poucos dias. Talvez isso fosse exatamente o que ele queria, que ela baixasse a guarda.

— Dá para ser menos esquisito? — ela disse.

A express?o de Grim ficou séria.

— Se quiser que eu vá embora, eu irei. é só pedir que eu desapare?o.

Isla ficou em silêncio. Ela se perguntou qual era o jogo dele. Se poderia usá-lo a seu favor.

Ele come?ou a andar, e ela continuou ao seu lado. Os ilhéus se viraram para olhar enquanto passavam, e a encaravam por tanto tempo quanto olhavam para Grim. Ela sup?s que estava chamando a aten??o por conta do vestido vermelho, t?o brilhante contra o azul-claro, branco e prata que os ilhéus usavam. Como sangue manchando o mercado.

— Você está curiosa de novo, Isla.

Ela n?o encontrou o olhar dele.

— N?o me leia. é rude.

Ele riu.

— Como se eu pudesse evitar...

Isla o encarou.

— O famoso todo-poderoso governante Umbra n?o consegue controlar as próprias habilidades?

Os cantos de seus lábios se curvaram de maneira errática.

— Famoso? Bem, pelo menos sei ent?o que rumores da minha grandeza chegaram até os Selvagens. — Ele a olhou, e o sorriso desapareceu. — Fico feliz por estar fazendo uma armadura — ele disse, puxando algo do bolso.

Era um cart?o em papel dourado, o mesmo do convite para o Centenário.

— Minha demonstra??o é a primeira — disse ele, colocando o cart?o de volta na capa antes que ela pudesse ler o que dizia. Ele se inclinou, os lábios ficando perigosamente perto de sua orelha. — Você também vai precisar de uma espada.

No momento em que Isla compreendeu as palavras de Grim, o frio de sua proximidade desapareceu — e ele também.

E Isla ficou sozinha no mercado, perguntando-se por que o governante Umbra estava a ajudando.





CAPíTULO SEIS


DESVINCULADOR





Isla jogou a arma para Celeste, que a pegou no ar, com a astúcia de seu poder invisível.

— O que é isto?

— Uma espada — Isla disse, retirando a dela das costas, onde havia escondido ambas para contrabandeá-las para dentro do castelo. — E uma bem cara.

Celeste a encarou.

— Eu sei o que é, Isla. Minha dúvida é por que você trouxe essa coisa pavorosa para os meus aposentos.

Isla tinha aprendido muito tempo antes que os Estelares n?o tinham grande apre?o por armas, embora seu reino fosse famoso por criá-las com suas técnicas metalúrgicas. E por que teriam? Celeste tinha o poder da energia na ponta dos dedos, podia ferir um inimigo do outro lado da sala. Aos olhos dela, uma espada era um desperdício de ferro.

Isla imaginou que era exatamente por isso que Grim havia escolhido um duelo para sua demonstra??o. Bem, ele n?o disse a palavra duelo, mas com as pistas que deu, era como se tivesse dito.

— Nosso primeiro teste é um duelo — disse ela. — Vamos precisar delas.

Celeste torceu o nariz como se tivesse cheirado algo ruim.

— E quem te disse isso?

— Grimshaw.

Celeste piscou.

— Esteve com ele esse tempo todo?

— N?o, só um pouco. Por quê?

Celeste a encarou.

— Sério, Isla?

Ela n?o precisava dizer mais nada. Grim n?o era coisa boa. Perigoso. Nada confiável.

— Eu sei, eu sei. Mas consegui essa informa??o, n?o foi? Você n?o acha que ele pode ser útil?

Celeste balan?ou a cabe?a com firmeza.

— N?o, Isla. Eu acho que, na verdade, ele vai usar você. Nós.

Era isso que o passeio até a pra?a tinha sido? Apenas uma estratégia do perverso governante Umbra?

Claro que foi. Seria tolice acreditar em qualquer coisa além disso.

Isla come?ou a se perguntar se o aviso de Grim era mesmo verdade. Talvez n?o fosse um duelo, ou qualquer tipo de demonstra??o envolvendo espadas, e ele estava apenas tentando enganá-la.

Ela franziu a testa.

Celeste suspirou de um jeito cansado. Segurou as bochechas de Isla com as m?os delicadas e disse:

— Minha amada, adorável e ingênua amiga…

Isla a teria interrompido, fosse qualquer outra pessoa se n?o Celeste dizendo aquelas palavras. Mas, mesmo as duas tendo praticamente a mesma idade, Isla tinha aprendido li??es inestimáveis com a Estelar. Celeste a acolheu quando n?o tinha ninguém além de Poppy e Terra.

— Você vai ficar longe dele — completou com firmeza, como uma irm? chamando a aten??o do irm?o insensato.

Celeste estava certa. Grim era uma distra??o. Ela n?o seria a tola que cairia em seus truques, especialmente quando a própria m?e tinha morrido por amar um homem.

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